sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Artigo: Esfinge Chinesa

Apesar da crise global, nao asitica mantm crescimento notvel; frente, demanda por commodities pode cair e afetar exportaes do Brasil
Em meio insegurana que tomou conta dos mercados financeiros na ltima semana, passou quase despercebida a divulgao dos dados recentes de atividade econmica e inflao na China.
Tendo em vista a quase estagnao das economias ocidentais, o mundo depende cada vez mais da manuteno de bom desempenho da economia chinesa para evitar um cenrio de recesso.

Quase que alheia ao que se passa nos EUA e na Europa, a trajetria da China desde o incio do ano se mantm a mesma -uma lenta desacelerao do crescimento para o ritmo desejado pelo governo, mais prximo de 8% ao ano.

A inflação, por sua vez, continua em alta. Atingiu o pico do ano em julho: 6,5%. uma taxa preocupante, mas h sinais de que cair sensivelmente no segundo semestre. Tal como no Brasil, o pior perodo de aumento no preo das matrias-primas ter passado, e o crescimento mais contido j reduz as presses internas.

Desde o fim de 2010, sob ameaa de superaquecimento da economia, as autoridades chinesas encetavam uma campanha de aumento de juros e restries na liquidez, cujo final parece avizinhar-se. Nesse caso, a China pode bem revelar-se um reduto de estabilidade nos prximos meses.

No prazo mais longo, contudo, h preocupao com a capacidade chinesa de sustentar altas taxas de crescimento. O risco advm, principalmente, do elevado peso do investimento no PIB, da ordem de 50%, taxa muito acima da de qualquer outro pas. A contrapartida uma taxa de consumo de 35%, a menor do mundo.

Tal investimento, parte dele com rentabilidade duvidosa, se financia com emprstimos bancrios. Assim, o perigo que as dvidas se mostrem impagveis.

Os bancos so do governo, que pode mobilizar a enorme poupana interna para cobrir rombos. No se antev uma crise bancria, mas tampouco se exclui forte reduo dos investimentos em alguns anos, com desacelerao mais acentuada da economia.

O desafio chins -incentivar o consumo e conter o investimento- oposto ao brasileiro. Como fazer isso, sem que a economia perca impulso, a incgnita. Pode ser que o crescimento chins, em uma dcada, caia a 5% ou 6%.

Para o Brasil, a ameaa clara: o apetite chins por commodities perder mpeto. Permanecer, porm, a competio acirrada na manufatura, para a qual estamos mal aparelhados.
A tendncia no animadora: o boom de commodities, ao valorizar o cmbio e concentrar investimentos, dificulta ao Brasil oferecer produtos e servios de qualidade quele que ser, em breve, o maior consumidor do mundo.

Artigo enviado por Tiago Avelino, estudante de Comércio Exterior no Unifieo. 

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