terça-feira, 7 de junho de 2011

Artigo: A diferença entre moeda e dinheiro

Ricardo Maroni Neto
Moeda e dinheiro, duas palavras que ocupam o dia-a-dia de bilhões de pessoas no mundo, muitas vezes se substituindo. Mas será que são sinônimos perfeitos? Qual a diferença entre moeda e dinheiro? As perguntas são simples. As respostas nem tanto, porque requer um mergulho na história para obtê-las.
O senso comum chama de moeda as peças metálicas, geralmente redondas, de valor igual ou inferior à unidade monetária e que são fundamentais para realização de operações de baixo valor ou de valores não inteiros. Assim, numa visão popular são moedas as unidades de um, cinco, dez, vinte e cinco, cinqüenta centavos de real e de um real. Também pelo senso comum, o dinheiro dá nome aos meios de pagamento, as unidades de medida e as cédulas de papel.


Na visão popular, portanto, a moeda é a parte do dinheiro com menor valor e, em muitas situações, desprezível, a ponto de pessoas dispensarem o troco ou os comerciantes se desculparem por dar troco em moedas.
O senso comum descreve aquilo que as pessoas percebem no seu dia-a-dia, com interpretação muitas vezes distorcida e desprovida de informações corretas.


O conceito de moeda, por exemplo, é econômico, descrevendo um bem qualquer que serve para intermediar trocas, tem aceitação geral, permite avaliar outros produtos e possui certos atributos físicos específicos. Note-se que moeda é um bem qualquer, tanto que as primeiras moedas foram mercadorias. Gado, sal, fumo, escravos, conchas, mel, peixes secos, arroz, rum, peles de animais, entre outros, são exemplos de moeda mercadoria.
Deve-se destacar que a invenção da moeda favoreceu a evolução das atividades econômicas, pois desvinculou a venda da compra, pois até então a Economia era baseada na troca direta.


Com o passar do tempo as moedas mercadorias encontraram limitações para o seu uso como: alterações físicas pelo manuseio, distinção entre duas moedas de igual valor, dificuldade de realização de operações de valor menor, dificuldade de manuseio e transporte. Desta forma foram substituídas pelo metal, especialmente o ouro e a prata.
No entanto, havia uma questão de ordem prática: os negociantes deveriam saber avaliar a pureza do metal em cada transação, alem de pesá-lo para definir os parâmetros de troca. Isto limitava o comércio, pois somente àqueles que conheciam metais preciosos poderiam negociar.


Toda esta história se passou, aproximadamente, entre 3500 a.C., quando surgiu a escrita, e 635 a.C., quando surgiu a moeda cunhada na Lídia. A moeda cunhada pelos lídios era de uma liga de ouro e prata, ovalada, do tamanho da digital de um polegar, gravada com o emblema real garantindo a pureza e o peso do metal, ganhando aos poucos o formato redondo.

Com a moeda cunhada surge o conceito de dinheiro, que é a moeda formatada. Em síntese, moeda é qualquer bem com características especiais que lhe garante o exercício de certas funções econômicas. O dinheiro é o bem usado como moeda com formato padronizado.

O nome moeda vem de Juno Moneta, deusa romana, esposa de Júpiter, protetora do Estado, das mulheres, do casamento, da família, das gestantes e do parto. A cada atributo lhe era dado um nome adicional, assim, existia Juno Lucina, Juno Pronuba e Juno Sospita. Todas eram a mesma: Juno.

Em seu templo criavam-se gansos, cujo grasnar advertiu, certa vez, sobre o ataque dos gauleses. Advertir em latim é monere, da qual origina Moneta. Era no templo da deusa que se cunhavam o ouro e a prata, o termo moeda passou a designar o produto fabricado no templo de Juno Moneta.

Por volta de 269 a.C. passou-se a cunhar uma moeda de prata, que trazia a imagem da deusa e seu nome: moneta (daí a denominação de moeda para as peças redondas e de metal). A esta moeda deu-se o nome de danarius, do qual deriva denaro, que é a origem latina de dinheiro. Logo, dinheiro é um tipo de moeda.
Todo dinheiro é moeda, mas nem toda moeda é dinheiro. Quem quiser conhecer mais detalhes sobre o tema recomenda-se: “A história do dinheiro” de Jack Weatherford, pela Editora Campus.

Ricardo Maroni Neto, economista, professor do Unifieo e do IFSP, autor do Manual de Gestão Financeira, é membro do Grupo de Estudos de Comércio Exterior do Unifieo – GECEU.

Fonte: http://webdiario.com.br/?din=view_noticias&id=56981&search=

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