quarta-feira, 15 de junho de 2011

Artigo: Abipecs diz confiar em solução rápida para o embargo russo a carnes

Suzana Inhesta, da Agência Estado
SÃO PAULO - O presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, disse confiar na capacidade do governo brasileiro em encontrar uma solução para o embargo da Rússia às carnes brasileiras. A partir desta quarta-feira, 15, o país interrompe as compras de 85 frigoríficos dos Estados de Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Paraná. "Continuamos confiantes no breve término do embargo e na prioridade que o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, nos garantiu", disse.
Camargo Neto participou da reunião do governo brasileiro com outras entidades do setor no último dia 6, em Brasília. Na ocasião, foi decidido seria enviada uma nova missão à Rússia dali a 15 dias, no máximo, para tentar reverter o mal estar entre os dois países na questão. "É essencial, porém, que o Ministério da Agricultura responda formalmente os questionamentos do governo russo. Sem isso, fica difícil a Rússia alterar o quadro de embargo. Toda urgência é necessária", destaca Camargo Neto.
O presidente da Abipecs informou que tanto a entidade quanto o setor desistiram de pleitear a exclusão do Brasil da cota "Outros", já que, segundo ele, este poderia ser um dos fatores do embargo aos 85 frigoríficos. "Como o setor está num momento de fragilidade, optamos por desistir desse pleito para tentar ajudar nas negociações". A Rússia tem uma cota total de importação de carne suína de 470 mil de toneladas. A cota "Outros" é de 170 mil toneladas e engloba autorização de importação de vários países, o que limite as vendas do Brasil na categoria intracota, que tem vantagens como tarifas mais baixas. Apesar disso, o Brasil também exporta produto fora da cota.
Em 2010, a Rússia importou 233,984 mil toneladas de carne suína brasileira, ou 43,3% das exportações nacionais da proteína. A receita dessas vendas no período foi de US$ 649,166 milhões, com participação de 48,42%. Neste ano até maio, a Rússia segue como principal compradora da carne suína brasileira, com 39,23% de participação nas exportações do produto em volume (84 mil toneladas) e de 44,86% em receita (US$ 261,576 milhões).
Acusação
Ontem (13), feriado na Rússia, o serviço veterinário local, Rosselkhoznadzor, publicou comunicado em seu site acusando o Brasil de não ter adotado os procedimentos de produção de carne conforme normas e exigências do importador. A autoridade considerou ainda "uma grande lástima" o fato de, após ter informado que suspenderia a importação, o governo brasileiro ter "desencadeado na imprensa" uma "ampla campanha, acusando a Rússia de protecionismo e falta de objetividade. O documento de três páginas do Rosselkhoznadzor deixa clara a insatisfação dos russos com a maneira pela qual o Brasil vem lidando com a questão e propôs à Secretaria de Defesa Agropecuária do Brasil que a próxima rodada de negociações sobre esses problemas seja realizada nos últimos dez dias de junho.
Nesta terça-feira, 14, em entrevista coletiva, Rossi disse que ainda tem esperança de que o embargo russo seja suspenso, ou pelo menos, adiado. O ministro afirmou que o Brasil já começou a atender os 18 pontos da carta enviada pelo importador e que está realizando análises laboratoriais em todas as unidades ameaçadas de serem impedidas de vender à Rússia. As informações seriam enviadas à Rússia ainda hoje. Rossi disse estar otimista e que esperava uma resposta ainda hoje do país, assim como uma autorização da Rússia para que Brasil possa enviar uma missão a Moscou.
Artigo enviado por Wallace Lima, estudante do curso de Comércio Exterior no Unifieo.

Nenhum comentário: