quarta-feira, 15 de junho de 2011

Artigo: Califórnia pode aumentar demanda por etanol do Brasil

Filipe Domingues, da Agência Estado
HOUSTON - A proposta do Estado norte-americana da Califórnia de reduzir as emissões de carbono na queima de combustíveis durante a próxima década pode aumentar a demanda por etanol do Brasil. O Estado está tentando reduzir a intensidade das emissões no transporte em pelo menos 10% até 2020, de modo que companhias misturadoras de combustíveis serão forçados a consumir mais biocombustíveis, que resultam em menos carbono.
O etanol de cana-de-açúcar, produzido principalmente no Brasil, é o combustível mais ameno neste aspecto entre os disponíveis comercialmente. O etanol de cana tem uma reputação melhor no que diz respeito ao meio ambiente do que o de milho, criticado por consumir muita energia para ser produzido e por reduzir a oferta de alimentos.
Assim, a maior parte do etanol dos Estados Unidos é de milho e não poderia ser vendido na Califórnia depois de 2012. Os Estados Unidos estão trabalhando no desenvolvimento de etanol feito com algas, lascas de madeira e outros materiais não alimentares. Mas a tecnologia ainda não permite produção em larga escala.
A Califórnia já é o maior Estado consumidor de etanol no país, com 1,3 bilhão de galões anuais (4,9 milhões de litros). Segundo o vice-presidente da corretora Newedge, Mike McDougall, trata-se de uma oportunidade enorme para os produtores de etanol. "Isso é aguardado com grande expectativa pelas usinas no Brasil", declarou, referindo-se aos novos padrões de combustíveis da Califórnia.
A importação de grandes quantidades de etanol poderia marcar uma ruptura importante em relação ao atual esforço multibilionário dos Estados Unidos para formar uma indústria de etanol de milho, em busca da independência energética. A entrada de etanol brasileiro nos Estados Unidos mudariam o comércio atual. O Brasil importou 45 milhões de galões de etanol em abril, sendo 80% dos Estados Unidos, para ajudar a atender à firme demanda interna. A produção do Brasil permaneceu estável, com a estabilidade de crédito que dificultou expansões na indústria.
Se for necessário para os Estados Unidos usar etanol brasileiro, poderia ser o começo de um padrão comercial "ridículo" de combustíveis limpos, de acordo com Geoff Cooper, vice-presidente de pesquisa e análise do grupo que representa o setor de etanol norte-americano Associação de Combustíveis Renováveis (RFA, na sigla em inglês).
"Num cenário plausível, poderíamos ver uma situação em que os Estados Unidos exportam seu etanol para servir o mercado do Brasil, enquanto o Brasil exporta seu etanol para a Califórnia, por causa da observância ao baixo carbono", comentou Cooper.
Outra dificuldade é o fato de que produtores de etanol no Brasil enfrentam dois principais aspectos que podem afastá-los dos Estados Unidos, pelo menos por alguns anos. Um deles é a tarifa de US$ 0,54 que os Estados Unidos cobram atualmente sobre o etanol importado. Outro, é o clima desfavorável para produção de cana neste ano, tornando o álcool brasileiro mais caro de se produzir. Além disso, as recentes pressões inflacionárias da alta dos combustíveis no Brasil tenderiam a ser acentuadas com a exportação de etanol, o que pode conter esse movimento. As informações são da Dow Jones.
Artigo enviado por Wallace Lima, estudante do curso de Comércio Exterior no Unifieo.

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