quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Artigo: Efeito Gisele

Atualizado em 01/02/2011

Efeito Gisele  
Ricardo Maroni Neto

Caro leitor, se você tivesse duas cédulas de R$2,00: uma nova, recém tirada do caixa eletrônico e outra velha, suja, amassada. Qual você descartaria primeiro em um pagamento? Se você respondeu que descartaria a cédula suja, velha e amassada você foi ao encontro da Lei de Greshan.

A Lei de Greshan diz que “quando duas moedas, ligadas por uma relação legal de valor, circulam ao mesmo tempo dentro de um país, aquela que é considerada como a melhor das duas tende a desaparecer”. Em outras palavras: a moeda má expulsa a boa.

No caso das duas cédulas, a cédula nova (a boa) foi expulsa da circulação pela cédula velha (a má). A explicação para isto é simples as pessoas preferem guardar consigo aquela moeda que lhes apresenta maior valor.

Esta lei sempre acompanhou a história da moeda. Se fez presente aqui no Brasil no período de inflação elevada, quando os agentes econômicos preferiam transacionar em dólar do quem em cruzeiros, cruzados ou outras.

No cenário internacional, a Lei de Greshan sofre uma mutação, ou seja, a moeda boa expulsa a má. A esta variação dá-se o nome de Efeito Gisele, que consiste na substituição do US$ pelo Euro como parâmetro monetário de contratos.

O Efeito Gisele surgiu quando a modelo Gisele Bündchen negociou um contrato publicitário em euro com uma multinacional americana. Ela declarou depois que preferia ser remunerada em euro por causa da desvalorização do dólar.

Neste caso o dólar torna-se a moeda má por não garantir o cumprimento das funções básicas da moeda: intermediação de trocas, mensuração de valor e, principalmente, reserva de valor.
A desvalorização do dólar se deu em função do excedente de oferta frente à demanda monetária que prefere moedas que garantam a riqueza do seu possuidor. Nesta situação até o real tornou-se moeda preferível. Alguém que troca dólar por reais, por exemplo, com a desvalorização da moeda americana resgatam mais dólares de que aplicou.

Thomaz Grenshan foi conselheiro da Rainha Elizabeth I e infelizmente, para ele, não conheceu Gisele Bündchen. No entanto, certamente, concordaria que o Efeito Gisele descreve, nas relações internacionais, a busca por uma moeda que melhor guarde a riqueza dos agentes econômicos. Talvez arriscasse uma definição do Efeito: “quando duas moedas, ligadas por uma relação cambial de valor, circulam ao mesmo tempo no contexto internacional, aquela que é considerada como a melhor das duas tende a permanecer”.

Ricardo Maroni Neto, economista, Professor do Unifieo e do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia - IFSP, autor do Livro Manual de Gestão de Finanças Pessoais é membro do Grupo de Estudos de Comércio Exterior do Unifieo – Geceu.

Fonte: http://www.webdiario.com.br/?din=view_noticias&id=52748&search=

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